Você deve estar se perguntando ou pensando que estou ficando louco, não é mesmo?
Respondo: Não!.... Não estou ficando louco!
O mel pode sim conter soja, e se for esse o caso, a
Resolução nº26/2015 determina que seja adicionado o alerta de alergênicos.
O que estou querendo dizer que, em alguns casos, é comum os apicultores menos informados, em períodos de entressafra (período intermédio entre uma safra e outra, subsequente, de um produto), com objetivo de não perderem enxames, fazerem alimentação dessas abelhas com preparado de mel e soja.
Mas não apenas nessa situação o mel pode conter a soja.
Caso os apiários estejam localizados próximos a plantações de soja (seja essas de agricultura familiar ou não), as abelhas poderão coletar néctar nessas plantas, e/ou trazerem para dentro das colmeias o pólen da soja, causando assim a contaminação do mel. Vale salientar que existem literaturas que limitam o voo de uma abelha num raio de até 5km!
Falo em contaminação, porque o pólen não é a matéria-prima do mel, ele entra no mel de diferentes maneiras. Seja vindo aderido ao corpo das abelhas, ingerido junto com o néctar ou disperso no ar, o pólen poderá estar presente nos favos ainda desoperculados, e consequentemente no mel pronto para consumo.
Mas muitos entrepostos não estão rotulando os seus produtos com alertas de alergênicos. Isso quer dizer que o mel não tem esse risco, correto?
Em vias legais sim!
Se partimos do princípio que a
legislação está sendo cumprida, que todos os entrepostos fizeram a implantação do programa de controle de alergênicos, validaram seus processos e eliminaram esse risco. Estão corretos em não rotular. Caso contrário.... PERIGO!
Existem algumas análises que podem ser realizadas no mel para tal comprovação. Uma delas é a de melissopalinologia, que é considerado um método de referência para a determinação da origem botânica e geográfica do mel, e se baseia na presença de grãos de pólen da flora visitada pelas abelhas na busca de recursos para a sua colmeia.
Outras alternativas seriam os testes de proteína (ELISA, kit) e DNA (PCR), em busca de Organismos Geneticamente Modificados - OGM. Essa análise não é específica para busca de soja, mas no caso da soja ser transgênica, poderá ser detectada.
Tais análises possuem um custo elevado para sua realização, e que geralmente são realizadas por triagem nos entrepostos.
Mas e se o meu mel for orgânico, então quer dizer que não contém o risco de conter soja? Depende!
Os órgãos certificadores exigem que no mel não exista a presença de OGM, para certificá-los como orgânico. Essa exigência, não é apenas documental (análise do produto), mas também de campo, onde são visitados os apicultores que fazem parte do processo de certificação, o que minimiza ainda o risco. Todavia se a soja plantada for orgânica, não terá OGM, mesmo assim existirá o risco da presença de soja!
Resumindo:
Para quem é alérgico a soja, nada de comprar mel na beira de estrada!
Apenas consuma mel quando tiver a certeza que é oriundo de um entreposto de confiança, que implantou seu programa de controle de alergênicos e fez suas validações!
Caso contrário:
“ALÉRGICOS: PODE CONTER SOJA”